Venda de imóveis cresce 49%
Apesar da piora do cenário macroeconômico, do aumento recente de 0,75 ponto percentual da taxa básica de juros Selic e das incertezas em relação ao ritmo da vacinação contra a covid-19, a demanda por imóveis residenciais continua muito aquecida.
Com exceção da MRV, todas as incorporadoras que já apresentaram prévias operacionais elevaram vendas no primeiro trimestre, ante o mesmo período de 2020, com expansão total de 49,3%, para R$ 6,02 bilhões.
Devido às medidas mais restritivas de circulação resultantes do agravamento da pandemia, com fechamento de estandes de vendas no Estado de São Paulo e em outros municípios, algumas incorporadoras postergaram lançamentos inicialmente previstos para março. Ainda assim o VGV consolidado apresentado ao mercado cresceu 96,5%, para R$ 5,08 bilhões.
Devido às restrições de circulação, algumas empresas postergaram lançamentos previstos, inicialmente, para março
Até o fechamento desta edição, 13 empresas tinham divulgado seus dados operacionais: Cury Construtora e Incorporadora, Cyrela, Direcional Engenharia, Even Construtora e Incorporadora, JHSF, Lavvi, Melnick Even, Mitre Realty, Moura Dubeux, MRV, Plano&Plano, RNI Negócios Imobiliários e Tenda.
Cury, Direcional e Plano&Plano registraram recordes trimestrais de comercialização. Já Tenda e Moura Dubeux tiveram o melhor primeiro trimestre de sua história na venda de imóveis.
As vendas líquidas da MRV caíram 3,2%, para R$ 1,62 bilhão. Isso ocorreu, segundo o copresidente Rafael Menin, porque a companhia voltou a acelerar o processo de venda garantida, em que a comercialização só é registrada quando o recebível do cliente é repassado para a Caixa Econômica Federal.
A fatia de operações enquadradas na modalidade venda garantida passou de 30%, no primeiro trimestre do ano passado, para 65%. A MRV tinha deixado, em 2019, de contabilizar as vendas dessa forma e retomou o processo em 2020. “Em janeiro, os repasses foram muito ruins”, diz o copresidente.
Não se trata, portando, segundo Menin, de retração do mercado ou reflexo do aumento das restrições de circulação de pessoas. “Em março, vendemos mais do que em fevereiro, quando tínhamos comercializado mais do que em janeiro. As vendas de abril estão semelhantes às de março”, afirma o executivo da MRV. Há sete projetos da AHS, subsidiária americana do grupo, em negociação com fundos, cujas vendas somarão R$ 1,65 bilhão nos próximos meses. “A AHS dará um impulso muito grande para a companhia neste ano.”
De janeiro a março, a MRV lançou o maior Valor Geral de Vendas (VGV) da sua história para um primeiro trimestre. Os lançamentos cresceram R$ 1,71 bilhão, com expansão de 58%. A companhia apresentou produtos com estandes de vendas e fez também lançamentos virtuais.
A Tenda registrou recordes de lançamentos, vendas brutas e vendas líquidas para um primeiro trimestre. Os lançamentos aumentaram 268,6%, para R$ 610,3 milhões. As vendas brutas cresceram 50,2%, para R$ 812,2 milhões, e as líquidas tiveram alta de 60,1%, para R$ 703,9 milhões. O preço médio por unidade teve elevação de 3%, com aumento em todas as regiões metropolitanas de atuação da companhia.
Em março, devido a decretos públicos, dos 94 canteiros de obras da Tenda (localizados em Goiás e no Rio Grande do Sul), quatro tiveram as atividades suspensas por 15 dias. Em outros 45 (situados no Paraná, em São Paulo, Rio de Janeiro e na Bahia) houve paralisações por menos de dez dias. Já a MRV teve obras suspensas em 15 canteiros, o equivalente a 5% do total, que também já foram retomadas.
Apenas Cyrela e Plano&Plano reduziram lançamentos, no trimestre, na comparação anual. O Bank of American (BofA) diz esperar que pelo menos parte dos projetos previstos pela Cyrela para março tenham ficado para o segundo trimestre. Mesmo que o VGV lançado pela incorporadora fundada por Elie Horn tenha ficado abaixo das expectativas do mercado, BofA, BTG Pactual e Credit Suisse reiteraram recomendação de compra para as ações da companhia.
Fonte: Valor Econômico
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